sexta-feira, 20 de julho de 2012

Como será o futuro dos museus?



Museu do amanhã, que está sendo construído no Píer Mauá, no Rio de Janeiro

Como será o futuro dos museus?


Museus de todo o mundo enfrentam o desafio de se reinventar acompanhando as transformações da sociedade. Conheça três projetos que propõe uma nova percepção das pessoas em relação à cidade e ao conteúdo em exposição


Dia 18 de maio é comemorado em todo o mundo o Dia dos Museus. Além de propiciar acesso à arte, cultura e educação, os museus passam pelo desafio de acompanhar as novas ideias e comportamentos da sociedade. Como se afinar a um público cada vez mais conectado e tecnológico e, ao mesmo tempo, provocar diferentes percepções sobre o que está exposto?

Este foi o tema de um interessante bate-papo realizado ontem noMuseu do Futebol, em São Paulo, entre o filósofo Rogério da Costae o curador do museu Leonel Kaz. Citando o antropólogo e escritor brasileiro Darcy Ribeiro, que criou o termo "ninguendade" para designar a falta de identidade dos primeiros nascidos no Brasil, Kaz falou sobre o significa uma visita a um museu. "Ir a museu hoje é entrar em uma grande cidade. O sujeito deixa de ter a ninguendade dele e vê conceitos que pode se apropriar", disse. 

O desafio, então, é não se limitar a ser apenas um lugar de arquivo e memória, e sim um ponto de encontro e interação. "Nossa função educacional é reverter a visão óbvia de tudo. Esse é o nosso papel nas novas cidades", afirmou Kaz. 

"O grande desafio das cidades é como estabelecer relações com as pessoas", disse Rogério da Costa. "A nossa vida se fundamenta na possibilidade de estabelecer relações que produzem em nós afeto e imagem". Para o filósofo, as cidades, por serem consideradas um organismo de inteligência, podem refletir sobre sua condição e entender que tipos de encontros e interações permitem nas suas dinâmicas de infraestrutura, transporte, trabalho, lazer, cultura e etc. 

Durante a conversa, foram citados três museus de planejamentos que procuram melhorar a relação das pessoas com a cidade e o conteúdo apresentado: 

MUSEU DO AMANHÃ, RIO DE JANEIRO 
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O projeto de um prédio futurista que usa recursos naturais como a energia captada do Sol e a água da Baía de Guanabara deverá ficar pronto daqui a 2 anos e meio. O museu deverá criar uma atmosfera sobre as possibilidades do futuro. "É um projeto do homem como invenção de si mesmo, que tem que imaginar a si mesmo no futuro. Não é apenas um museu de ciência ou de futuro, mas de possibilidades", disse Kas. 

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM, RIO DE JANEIRO 
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No interior deste museu - que ainda não está pronto - os espaços dialogam uns com os outros. Do lado de fora, na fachada, rampas que usam o mesmo mosaico do calçadão da Praia de Copacabana permitem o acesso de qualquer pessoa até o último andar do museu de onde é possível apreciar a mesma vista das coberturas da Av Atlântica. 

MAXXI - MUSEU DE ARTE DO SÉC XXI, ROMA 
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Projeto da arquiteta israelense Zaha Hadid, este museu tem entrada em um ambiente estreito que dá acesso a uma sala de pé direito alto e com uma enorme janela com vista para a cidade de Roma, na Itália, como se ela invadisse o próprio museu. 

"Há uma modificação das percepções. Não é apenas entrar nos museus e ter os quadros nas paredes, mas entrar em uma outra cenografia", concluiu Kaz
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quarta-feira, 18 de julho de 2012

O poder da massa


O poder da massa


Com o dinheiro de milhares de desconhecidos, projetos que pareciam impossíveis estão saindo do papel. O segredo: os financiadores não querem lucrar - entram nessa pela ideia e pelo ideal


Você provavelmente já conhece essa história: cansados de serem ignorados por bandas internacionais, alguns cariocas resolveram juntar dinheiro (entre pessoas que não se conheciam, mas gostavam do mesmo som) e convidar atrações gringas para tocar na cidade. Nascia o Queremos, um site de financiamento coletivo: um tipo de vaquinha virtual feita por apoiadores de uma mesma ideia.

A novidade é que esse tipo de financiamento, o crowdfunding, também tem funcionado para criar empresas. Vários produtos, inclusive, se tornaram realidade com a ajuda do financiamento coletivo. Um dos mais famosos é uma alça que transforma o iPod Nano em relógio - o sujeito que teve a ideia recebeu doações de dezenas de milhares de pessoas para desenvolver a pulseira. E acabou com quase US$ 1 milhão no bolso. Outro criou um dock bonitão de iPhone feito em alumínio. Recebeu US$ 1,4 milhão.

Quem faz a coleta de dinheiro para esse tipo de projeto são especialistas em financiamento coletivo. Sites como o IndieGoGo e o RocketHub ajudam pessoas do mundo todo a pedir dinheiro para desenvolver suas ideias. Só em 2011, o Kickstarter, um dos principais portais de crowdfunding, registrou 27 mil projetos, ajudados por 30,5 milhões de pessoas (veja mais no gráfico ao lado). No Brasil, a movimentação ainda está começando, tocada por sites como o Incentivador, o Catarse e o próprio Queremos - por eles e pela torcida do Palmeiras, que tentou usar o crowdfunding para trazer o meia Wesley (a vaquinha não deu certo). Mas o que não falta são casos que deram.

UMA CIDADE FINANCIADA
Imaginamos uma metrópole construída com fundos coletivos. Seríamos mais politizados e teríamos cervejas melhores

Cervejarias artesanais As microcervejarias fazem parte de um dos setores mais ativos do crowdfunding. Elas oferecem produtos com uma aura de exclusividade, de produção caseira e cuidadosa. E tanta singularidade não custa caro: no Kickstarter, um projeto que pretendia construir uma cervejaria artesanal arrecadou US$ 40 mil.

Arte nas paredes
Em um mundo financiado, não faltariam projetos que misturam arte e ativismo social. Em Londres, um grupo de artistas resolveu transformar um muro em galeria. Juntaram US$ 33 mil. Para tentar diminuir a violência e unir a comunidade, um grupo queria pintar as paredes da cidade mexicana de Puebla. Conseguiram US$ 30 mil.

Protestos nas ruas
Só no Kickstarter, são quase 100 projetos relacionados ao movimento Occupy. Jornais, revistas, filmes e livros dedicados a registrar as ocupações ao redor do mundo. Os ativistas também pedem dinheiro para fazer placas e cartazes. Já conseguiram verba até para bonecos gigantes, que foram usados durante uma performance em Nova York.

Espaços verdes Outra onda no mundo do crowdfunding é aumentar os espaços verdes em centros urbanos. Com US$ 23 mil, um pes-soal do Brooklyn, em Nova York, construiu uma horta de 4 mil m² no topo de um prédio. Com US$ 27 mil, dois amigos transformaram um caminhão em estufa e viajaram o país dando aulas de agricultura.

Produtos sustentáveis Nas lojas de roupa desta cidade "crowd financiada", as coleções são pensadas para quem quer se vestir sem matar vacas e poluir rios. No mundo real, tem até uma Eden Outfitters, versão verde de uma loja americana chamada Urban Outfitters. No Kickstarter, a segmentação é forte, com roupas para mulheres ciclistas e viciados em beisebol.



NO BRASIL Conheça os projetos mais populares por aqui:

Bandas internacionais Os shows de bandas internacionais (e um pouco desconhecidas) aconteceriam toda semana. O Queremos já trouxe Vampire Weekend, Kings of Convenience e Foster the People. E quem investiu no evento entrou de graça.

Documentários no cinema
Nos cinemas desta cidade, só daria documentário. O gênero tem se beneficiado muito com o crowdfunding. O portal Incentivador ajudou na produção do recém-lançado Raul: o Início, o Fim e o Meio e financiou Cauby: Começaria Tudo Outra Vez.

Música
Aqui é bem mais fácil ter e manter uma banda. Com a ajuda do site Catarse, A Banda Mais Bonita da Cidade financiou cada uma das faixas do primeiro disco. Das 12 músicas cadastradas, 11 receberam a grana suficiente e foram gravadas. O portal só trabalha com projetos culturais ¿ revistas, livros, filmes e discos
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