sexta-feira, 25 de maio de 2012


ALFABETIZAÇÃO

                               
11 maneiras de ajudar na alfabetização do seu filho

Contar histórias, deixar bilhetinhos na geladeira, fazer lista de compras em voz alta - essas são apenas algumas ações que ajudam na alfabetização das crianças


Texto Juliana Bernardino


               

Elementos do dia-a-dia, como receitas culinárias e contos infantis, também ajudam na alfabetização de uma criança

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Você sabia que os pais também podem ajudar na alfabetização de seus filhos? Isso mesmo! Mas não se preocupe, pois não se trata de ter de ensinar formalmente a criança a ler e a escrever, função esta do professor. Você pode, isso sim, tornar o ambiente de convivência da criança repleto de atos de leitura e escrita, de forma a inseri-la desde cedo no mundo das letras. Em suma, deixar o ambiente doméstico mais alfabetizador. "Isso acontece quando, por exemplo, a mãe deixa bilhetinhos na porta da geladeira, apontando a finalidade do ato para a criança: ‘vamos deixar esse recadinho para o papai avisando-o que iremos nos atrasar para o jantar’. Ou quando, antes de começar um novo jogo (de tabuleiro, por exemplo), ela propõe ao filho que eles leiam as regras juntos", exemplifica a educadora Cida Sarraf, que leciona no curso de pedagogia do Centro Universitário Salesiano e da Faculdade Mozarteum, ambos em São Paulo.

Maria Claudia Sondahl Rebellato, assessora pedagógica na produção de material didático em Curitiba-PR, acredita que, quando a criança é inserida nessas atividades rotineiras, ela acaba percebendo a função real da escrita e da leitura, e como elas são importantes para a nossa vida. E, dada sua curiosidade nata, ela vai querer participar cada vez mais e buscar o conhecimento dos pais.

A criança que cresce em constante contato com a leitura e a escrita acaba se apropriando da língua escrita de maneira mais autoral e adquirindo experiências que vão fazer a diferença na hora de ela aprender a ler e a escrever efetivamente. "Isso explica o fato de, numa mesma sala de 1º ano, professores se depararem com algumas crianças praticamente alfabetizadas e outras que sequer entendem a função do bilhetinho na porta da geladeira ou que a linguagem escrita se relaciona com a oral, porque viveram experiências muito discrepantes em casa", argumenta Cida Sarraf.

Leia abaixo as 11 maneiras de deixar o ambiente de sua casa mais alfabetizador, ajudando seu filho a passar com tranquilidade pela alfabetização o que, aliás, é fundamental para ele ter sucesso nas etapas futuras do aprendizado e do conhecimento, e as reportagens relacionadas:

1. Deixar bilhetes ou escrever cartas
Que outra função tão importante tem a escrita que não a de comunicar? Pois desde bem cedo a criança pode perceber isso, pelas atitudes dos pais. Deixe recadinhos na porta da geladeira, escreva cartas e estimule-a a fazer o mesmo (mesmo que saiam apenas rabiscos. Lembre-se: nessa fase do desenvolvimento, não se erra, se tenta acertar). 'Vou escrever uma carta para a vovó contando como estamos. O que você quer que eu conte para ela?'. Recebeu uma carta ou encontrou um recadinho em casa? Leia em voz alta. "Procure incluir a criança sempre que uma situação de comunicação escrita se apresentar na casa", aconselha a educadora Maria Claudia.

Que outra função tão importante tem a escrita que não a de comunicar? Pois desde bem cedo a criança pode perceber isso, pelas atitudes dos pais. Deixe recadinhos na porta da geladeira, escreva cartas e estimule-a a fazer o mesmo (mesmo que saiam apenas rabiscos. Lembre-se: nessa fase do desenvolvimento, não se erra, se tenta acertar). 'Vou escrever uma carta para a vovó contando como estamos. O que você quer que eu conte para ela?'. Recebeu uma carta ou encontrou um recadinho em casa? Leia em voz alta. "Procure incluir a criança sempre que uma situação de comunicação escrita se apresentar na casa", aconselha a educadora Maria Claudia.
2. Preparar receitas culinárias na presença da criança 
Num ambiente alfabetizador, é importante que a família chame a criança, desde muito cedo, para participar de algumas ações, de forma que ela presencie o contato com a língua escrita, percebendo suas várias funções. Na culinária isso pode acontecer de maneira descontraída e divertida. Durante a receita de um bolo, por exemplo, vá perguntando para a criança: "Vamos ver o que falta colocar? Ah, ainda preciso colocar 3 ovos, está escrito aqui".
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Que outra função tão importante tem a escrita que não a de comunicar? Pois desde bem cedo a criança pode perceber isso, pelas atitudes dos pais. Deixe recadinhos na porta da geladeira, escreva cartas e estimule-a a fazer o mesmo (mesmo que saiam apenas rabiscos. Lembre-se: nessa fase do desenvolvimento, não se erra, se tenta acertar). 'Vou escrever uma carta para a vovó contando como estamos. O que você quer que eu conte para ela?'. Recebeu uma carta ou encontrou um recadinho em casa? Leia em voz alta. "Procure incluir a criança sempre que uma situação de comunicação escrita se apresentar na casa", aconselha a educadora Maria Claudia.


Num ambiente alfabetizador, é importante que a família chame a criança, desde muito cedo, para participar de algumas ações, de forma que ela presencie o contato com a língua escrita, percebendo suas várias funções. Na culinária isso pode acontecer de maneira descontraída e divertida. Durante a receita de um bolo, por exemplo, vá perguntando para a criança: "Vamos ver o que falta colocar? Ah, ainda preciso colocar 3 ovos, está escrito aqui".
3. Ler histórias 
Ler para a criança pequena tem muitos benefícios e, num ambiente alfabetizador, é a primeira exigência a ser feita, pois é por meio de pais e professores que a criança passa a ter contato com a língua escrita. "Quando a mãe lê uma história para a criança, ela é leitora junto com a mãe", acredita Maria Claudia Rebellato. Leia com frequência para seu filho: gibis, revistas, contos de fadas... Leia mais de uma vez o mesmo livro, pois isso é importante para a criança começar a recontar aquela história depois, no papel de leitora, inclusive passando as páginas do livro corretamente.

O que pouca gente lembra é que o ato de leitura deve começar muito cedo, com crianças que ainda estão longe de serem alfabetizadas. "É assim que os pequenos vão percebendo a relação entre as linguagens oral e falada; vão identificando as várias funções da escrita, para que serve cada gênero textual; e vão se tornando leitores e escritores", coloca a especialista. Ao ouvir histórias, a criança acaba percebendo que a leitura é feita da esquerda para a direita (importante para o momento em que ela vai começar a riscar), consegue diferenciar o que é texto do que é desenho, começa a notar que as palavras são escritas separadamente formando frases que fazem sentido e a adquirir noção de volume de texto. "É comum, por exemplo, a criança perceber quando a mãe está pulando trechos da história (geralmente porque ela já está cansada e quer dar uma resumida na historinha). A criança vira e fala ‘tem mais coisa aí, mamãe’. Isso mostra que ela está já está amadurecendo como leitora e, embora ainda não leia, já faz o que chamamos de pseudoleitura", observa a Maria Claudia.

4. Ser um modelo de leitor
Essa é a premissa mais básica de qualquer ambiente alfabetizador. A criança forma valores a partir de bons modelos e, assim, ter pais leitores é fundamental para ela aderir à leitura. "Estante de livro não pode parecer santuário. As crianças têm de observar que os pais estão sempre mexendo ali, escolhendo um livro, lendo-o e comentando-o com a família", acredita Cida Sarraf. E não apenas os livros. A leitura de revistas e jornais também tem de ser um hábito dos pais.

Os pais também têm de prestar atenção ao ambiente em que fazem sua leitura, passando a impressão de que ler é prazeroso, mas também é coisa séria. O ambiente deve ser tranquilo, sem muitos ruídos, com boa iluminação, e deve-se sentar com a postura corporal correta, para não se cansar rapidamente


Essa é a premissa mais básica de qualquer ambiente alfabetizador. A criança forma valores a partir de bons modelos e, assim, ter pais leitores é fundamental para ela aderir à leitura. "Estante de livro não pode parecer santuário. As crianças têm de observar que os pais estão sempre mexendo ali, escolhendo um livro, lendo-o e comentando-o com a família", acredita Cida Sarraf. E não apenas os livros. A leitura de revistas e jornais também tem de ser um hábito dos pais.

Os pais também têm de prestar atenção ao ambiente em que fazem sua leitura, passando a impressão de que ler é prazeroso, mas também é coisa séria. O ambiente deve ser tranquilo, sem muitos ruídos, com boa iluminação, e deve-se sentar com a postura corporal correta, para não se cansar rapidamente.
5. Explorar rótulos de embalagens 

Alguns produtos são recorrentes na dispensa de nossas casas e as crianças acabam se acostumando com a presença deles. Aproveite momentos de descontração, como durante as refeições, para ler os rótulos junto com seu filho. "Com o tempo, ele começa a ler por imagem, por associação. Ele pode ainda não estar alfabetizado, mas já sabe o que está escrito naquela embalagem", explica a especialista Maria Claudia Rebellato. Segundo ela, os rótulos são interessantes de serem lidos porque, na maioria dos casos, são escritos em letra CAIXA ALTA, que é a qual a criança assimila antes da letra cursiva.

Ler para a criança pequena tem muitos benefícios e, num ambiente alfabetizador, é a primeira exigência a ser feita, pois é por meio de pais e professores que a criança passa a ter contato com a língua escrita. "Quando a mãe lê uma história para a criança, ela é leitora junto com a mãe", acredita Maria Claudia Rebellato. Leia com frequência para seu filho: gibis, revistas, contos de fadas... Leia mais de uma vez o mesmo livro, pois isso é importante para a criança começar a recontar aquela história depois, no papel de leitora, inclusive passando as páginas do livro corretamente.

O que pouca gente lembra é que o ato de leitura deve começar muito cedo, com crianças que ainda estão longe de serem alfabetizadas. "É assim que os pequenos vão percebendo a relação entre as linguagens oral e falada; vão identificando as várias funções da escrita, para que serve cada gênero textual; e vão se tornando leitores e escritores", coloca a especialista. Ao ouvir histórias, a criança acaba percebendo que a leitura é feita da esquerda para a direita (importante para o momento em que ela vai começar a riscar), consegue diferenciar o que é texto do que é desenho, começa a notar que as palavras são escritas separadamente formando frases que fazem sentido e a adquirir noção de volume de texto. "É comum, por exemplo, a criança perceber quando a mãe está pulando trechos da história (geralmente porque ela já está cansada e quer dar uma resumida na historinha). A criança vira e fala ‘tem mais coisa aí, mamãe’. Isso mostra que ela está já está amadurecendo como leitora e, embora ainda não leia, já faz o que chamamos de pseudoleitura", observa a Maria Claudia.
Alguns produtos são recorrentes na dispensa de nossas casas e as crianças acabam se acostumando com a presença deles. Aproveite momentos de descontração, como durante as refeições, para ler os rótulos junto com seu filho. "Com o tempo, ele começa a ler por imagem, por associação. Ele pode ainda não estar alfabetizado, mas já sabe o que está escrito naquela embalagem", explica a especialista Maria Claudia Rebellato. Segundo ela, os rótulos são interessantes de serem lidos porque, na maioria dos casos, são escritos em letra CAIXA ALTA, que é a qual a criança assimila antes da letra cursiva.
6. Fazer listas de compras com seu filho 

Esta aí uma tarefa pra lá de corriqueira: fazer a lista de compras do supermercado. Num ambiente alfabetizador, o momento pode ser aproveitado: chame a criança para preencher a lista com você e faça com que ela perceba que você anota no papel as coisas que irá comprar, para consultar lá no mercado (uma forma de ela relacionar a linguagem oral com a escrita). Vá conversando com ela: "Vamos anotar para não esquecer. O que mais vamos ter de comprar? Então, vamos escrever aqui". Deixe que ela acompanhe com os olhos o que você está escrevendo e vá falando em voz alta.

7. Aproveitar as situações da rua 
Placas de trânsito, destino de ônibus, outdoors, letreiros, panfletos, faixas... onde quer que frequentemos estaremos sempre em contato com o mundo letrado e é ótimo que os diferentes elementos sejam aproveitados com a criança. "Dá para levar em forma de brincadeira. 'Olha filho, tem uma placa igual a essa em frente à nossa casa. Sabe o que está escrito nela?'’ ou ainda 'Olha, filho, esse ônibus vai para Cajuru. Cajuru também começa com Ca, igual o nome da mamãe, Carolina'. É por meio dessas situações que a criança vai percebendo as diferentes funções da escrita e fazendo associações", acredita Maria Claudia. Segundo ela, é uma forma não de ensinar/aprender, mas de brincar com as letras, com as palavras, com a escrita e a leitura.

8. Fazer os convites de aniversário com a criança
Escrever nos convitinhos de aniversário é uma etapa da festa da qual a criança precisa participar. Pergunte a ela: "o que teremos de escrever nos convites? Precisamos dizer onde vai ser e a que horas". Isso pode ser feito desde o primeiro aniversário da criança, repetindo nos anos seguintes, até chegar a vez em que ela própria irá querer escrever sozinha, com sua letrinha.

Outra atitude interessante é escrever cartões de aniversário ou de casamento na frente da criança. "Esses nossos amigos irão se casar. Vamos escrever uma mensagem a eles para enviar junto com o presente?". A situação pode ser corriqueira para você, mas para a criança tudo é novidade. Participe-a desses momentos. Nos aniversários das pessoas da família, incentive-a a escrever algum cartão, mesmo que ela faça apenas desenhos. Pergunte que mensagem ela quis passar e em seguida faça um elogio ao seu trabalho.


9. Montar uma agenda telefônica
A agenda telefônica é um bom objeto a ser explorado com as crianças. Ela mostra, claramente, o que é texto e o que é número, com a função de cada um deles. O texto é usado para escrever o nome das pessoas ou dos lugares, enquanto o número é utilizado para informar o telefone. No dia a dia, chame a criança para observar essa diferença. "Olha filho, deste lado ficam os nomes das pessoas e deste o número do telefone delas. Vamos ver qual o número da casa da titia?"

10. Apontar outros materiais escritos 
Brinquedinhos com palavras e números, calendários, jogos de computador, álbum de fotografia com legendas, scrapbook, tudo isso pode estar no ambiente de convivência da criança, mas... desde que realmente sejam usados por ela, e não funcionem como meros enfeites do seu quarto. "A criança tem de perceber a função de cada um dos elementos que é posto para ela", reitera Cida Sarraf. Houve um tempo em que pais e professores acreditavam que bastava etiquetar os objetos (etiqueta com a palavra cama na cama, com a palavra armário no armário) para as crianças se familiarizarem com a língua. Mas as pesquisas mais atuais mostraram que os diversos gêneros textuais precisam estar presentes e serem usados dentro de uma função comunicativa. Portanto, quando for montar um álbum com fotos de uma viagem, chame a criança para legendar cada foto com você. "Você lembra como se chamava este lugar? Vamos escrever aqui para sabermos daqui a um tempo".

11. Respeitar o ritmo da criança 
Sabe o que mais pode ajudar na alfabetização de seu filho? Compreender o seu ritmo! Isso mesmo. Investir no ambiente alfabetizador é importante para que as crianças ganhem mais intimidade com a língua escrita (e dessa forma encontrem menos dificuldade quando estiverem aprendendo a ler a escrever), mas isso não quer dizer que o processo será, necessariamente, acelerado, e é importante que os pais tenham isso em mente. Lembre-se: começar a ler e a escrever mais tardiamente não representa problema de aprendizagem ou falta de inteligência. Na maioria dos casos, significa apenas que a criança ainda não atingiu um nível necessário de maturidade. Segundo Maria Claudia, a criança fica um tempo absorvendo muita informação e de repente dá uma decolada, mostrando que conseguiu entender o processo. "É literalmente um 'click', mas que acontece em momentos diferentes para cada criança", ela sintetiza.

OBS. ESTAS DICAS SÃO MUITO IMPORTANTES TANTO PARA ORIENTAÇÃO AOS PAIS, COMO PARA A SEGURANÇA DA CRIANÇA NESTA FASE COMPLICADA DA CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA COM COMPREENSÃO E TAMBÉM PARA O ENTENDIMENTO DOS PAIS DE COMO A CRIANÇA APRENDE, RESPEITANDO SEMPRE O SEU RÍTMO.

terça-feira, 22 de maio de 2012



DIABETES EM CRIANÇAS

   

Diagnóstico rápido


Um dos maiores desafios para o controle do diabetes em criança é justamente o diagnóstico. Muitos pais — e até mesmo certos profissionais — nem desconfiam que a doença autoimune, como é o caso do diabetes tipo 1, ataca tão cedo o frágil organismo infantil. No primeiro momento, a cada sintoma, inicia-se a peregrinação por consultórios médicos de diferentes especialidades, entre pediatras, nutricionistas, endocrinologistas e até dermatologistas, já que a doença pode provocar alterações na pele, como o aparecimento de furúnculos.

Sede excessiva, perda repentina de peso sem causa aparente, vontade exagerada de urinar, cansaço, falta de energia são alguns dos sintomas mais comuns provocados pela deficiência de insulina no organismo. O quadro mais grave é a cetoacidose, quando a criança entra em coma, pelo fato de o organismo ter se mobilizado para tentar reverter a disfunção metabólica.

Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes no Distrito Federal e responsável pela Coordenação do Diabetes da Secretaria de Saúde do DF, a endocrinologista Hermelinda Pedrosa explica que muitos pais só descobrem que a criança sofre de diabetes tipo 1 quando chegam ao hospital com esse quadro metabólico dramático. “As causas da doença estão relacionadas a erros de codificação de determinados genes. No entanto, fatores externos, como estresse ou algum tipo de vírus, podem deflagrar o processo”, explica a médica. O resto não se explica. Uma pessoa pode ter o gene e não desenvolver a doença, por exemplo.

Descoberta a causa da descompensação, é hora de correr contra o tempo e reabilitar o organismo. Como esses pacientes ainda são muito pequenos, resta aos pais aprenderem como dosar a insulina e calcular os carboidratos que serão administrados diariamente. Hermelinda garante que essa etapa inicial sempre é marcada por insegurança e medo, afinal, a vida desses pequenos depende da vigilância dos adultos.

A comissária de bordo Naiara Andrade, 22 anos, também enfrentou a saga de passar por diversos consultórios médicos para descobrir o motivo de sua filha Manuela, 3 anos e 11 meses, andar tão triste e estar perdendo peso inexplicavelmente. Na época, ela tinha 1 anos e alguns meses. Naiara conta que nenhum médico desconfiou do diabetes. “Nenhum deles sequer me pediu o exame de glicemia”, relembra.
 


Foi quando ela associou os sintomas da criança aos que viu o irmão enfrentar na infância. O tio de Manuela também tem diabetes tipo 1 desde pequeno e hoje é um rapaz saudável, cuidando de suas necessidades. Naiara, ainda que preocupada, sabia então que a doença podia ser enfrentada e, com os cuidados certos, seu bebê cresceria normalmente. “Nesse processo, meu irmão e minha mãe me tranquilizaram muito”, relembra.

Passado o susto, Naiara já aprendeu a identificar as mais sutis alterações no quadro de saúde da filha. Como toda mãe zelosa, sabe o significado de cada choro de Manuela. “Se ela pede comida, por exemplo, sei que precisa de glicose.” Quando a menina gripa, tem certeza de que precisará aumentar a quantidade de carboidratos nas refeições da pequena para evitar a fraqueza do organismo. “Se a garganta fecha, ela não quer comer e fica tudo alterado”, explica.

Na infância, qualquer mudança de rotina se reflete na quantidade de glicose no sangue. Uma simples brincadeira pode exigir doses extras de comida para evitar a exaustão do organismo, que não consegue absorver a glicose naturalmente. Até um dia de chuva, sem atividades físicas, por exemplo, pode demandar doses extras de insulina para evitar que a energia não gaste e descompense o corpo. “Insulina errada baixa tanto o açúcar que leva à hipoglicemia. Estresse aumenta a glicemia, que pode levar ao coma diabético. Para tomar a insulina, é preciso saber a idade certa, a quantidade certa, se a criança faz esporte. Tem várias formas de aplicar a insulina, que varia muito com o estilo de vida do paciente”, explica o endocrinologista Mauro Scharf.


Entenda a doença



                           



A glicose precisa da insulina, substância fabricada no pâncreas, para entrar nas células. A falta da insulina ou problemas com sua eficácia atrapalham o processo. Quando a glicose não é bem usada pelo organismo, ela se eleva no sangue. É o que chamamos de hiperglicemia.
No diabetes tipo 1, não há fabricação de insulina pelo pâncreas ou sua produção é insuficiente. As células betas do pâncreas são lentamente destruídas por um processo autoimune do organismo. Isso acontece porque o organismo as identifica como corpos estranhos.
Os pacientes com diabetes tipo 1 precisam tomar insulina diariamente para regularizar o metabolismo do açúcar do sangue. Tem uma insulina basal lenta, aplicada ao acordar, e outra acelerada, que se aplica antes de comer para controlar a glicemia.

Fonte: Sanofi Diabetes

A união que faz a diferença
Se o diabetes tipo 1 não é adequadamente tratado pode deixar graves sequelas. Uma delas é o comprometimento da visão, em mais de 90% dos pacientes, após 20 anos de doenças. Sem cuidados, a alteração provoca, inclusive, a cegueira. “Após 10 anos, o diabetes pode causar algum grau de retinopatia. No início, tem condições de regredir. Mas a qualquer momento pode provocar um sangramento e o descolamento da retina. Aí fica mais difícil tratar”, alerta Solange Travassos, presidente da Associação dos Pacientes Diabéticos do Rio de Janeiro (Uaderj).

Uma das maneiras de monitorar a saúde dos olhos é fazer o exame de fundo de olho. Mas muitas vezes os pacientes enfrentam longas filas na rede pública de saúde para conseguir a avaliação. Uma demora que pode levar à cegueira. A UADERJ criou o projeto Oftalmologista Amigo do Jovem Diabético, em parceria com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e com o apoio do laboratório Sanofi Diabetes. A ideia é que médicos atendam gratuitamente, em seus consultórios, dois pacientes diabéticos, de até 30 anos, uma vez por mês. Assim, será possível fazer o diagnóstico precoce de retinopatia diabética em pacientes de baixa renda. O projeto se expandirá para outros estados. Mais informações: www.unidospelacriancadiabetica.com.br.


Fonte: CORREIO BRASILIENSE – DF

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O artista Candido Portinari pinta a infância em livro


O artista Candido Portinari pinta a infância em livro


GABRIELLA MANCINI
DE SÃO PAULO


Divulgação
Crédito: Divulgação Livro "No País dos Quadratins" (ed. Cosac Naify) para Folhinha de 19/5 <M> ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***</M>
Livro "No Paí­s dos Quadratins"

No País dos Quadratins, os habitantes têm cara quadrada, nariz pontudo e número em vez de nome. São ferozes e não gostam nadinha quando o garoto João Papinho vai parar na sua terra --depois de ser lançado por um estilingue, sem querer. 


Cheio de aventuras, o livro traz animais como libélula, vaga-lume e grilo como personagens.Publicado originalmente em 1928, fala da infância de tempos atrás e é ilustrado por Candido Portinari.

Quem quiser saber mais sobre esse importante pintor brasileiro pode conferir a exposição "Guerra e Paz", que está em cartaz no Memorial da América Latina (tel. 0/xx/11/3823-4600), hoje e amanhã, das 9h às 18h. Grátis. Há atividades para crianças junto aos monitores, como a pintura de desenhos que simbolizam a paz e a guerra, mas é preciso agendar a participação.


No País dos Quadratins
EDITORA: Cosac Naify
AUTOR: Carlos Lébeis
PREÇO: R$ 35

INDICAÇÃO: a partir de 8


Conheça o básico sobre as linhas da psicanálise



Conheça o básico sobre as linhas da psicanálise

GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO

As palavras são associadas, interpretadas, esmiuçadas. Na psicanálise, a cura se dá por meio delas.
Atenção às palavras: tudo bem usar "recalque", "projeção" e outros termos saídos desse campo e já incorporados. Mas confundir os "psis", o que é comum, não.

Psicanalista é uma coisa, psiquiatra, outra.
Psiquiatra é médico: estuda transtornos mentais e os trata prescrevendo remédios.
O psicólogo também estuda saúde mental, mas não receita. Ele estuda o "software que roda no cérebro", como diz Francisco Daudt, colunista da Folha. Há muitas linhas de psicologia, muitos jeitos de estudar comportamento.
Terapeuta é quem cuida. Psicoterapeuta, então, é quem cuida do funcionamento mental das pessoas usando alguma técnica como psicodrama ou as das terapias cognitivo-comportamentais.

Já o psicanalista estuda o tal "software" segundo o modelo de Freud, isto é, partindo da premissa que o inconsciente governa muitas das ações humanas.
O psicanalista pode ser um teórico ou um psicoterapeuta que cuida de pessoas usando a ferramenta psicanálise.
Parte fundamental dessa ferramenta é o método da associação livre, criado por Freud para sondar o inconsciente. Nele, o paciente é levado a falar sobre seus pensamentos de forma a revelar a origem de seus conflitos.


No centro dos conflitos estaria o complexo de Édipo, conjunto de impulsos amorosos e hostis dirigidos pela criança aos pais.
O conceito fazia mais sentido quando a única forma de família tinha figuras de pai e mãe bem definidas. E hoje?
Édipo não precisa ser entendido como antes, ao pé da letra, diz Isabel Gomes, professora de psicologia da USP. "Se duas mães fazem as funções materna e paterna, a triangulação se mantém."

NINGUÉM É PURO

Psicanalistas freudianos puros são raros, diz o psicanalista Luiz Tenório Oliveira Lima. "Analistas experientes transitam com a tradição de Freud e a dos sucessores."
A primeira grande mudança na psicanálise veio com a austríaca Melanie Klein (1882-1960). Ela mostrou que crianças já podem ser analisadas desde cedo.
"Alguém que atende crianças não pode ignorar as contribuições de Klein", diz Luís Claudio Figueiredo, que estuda a autora.
Klein substituiu a associação livre pela interpretação de desenhos, brincadeiras e jogos, nos quais a criança já expressa suas fantasias.
Segundo o psicanalista Daniel Delouya, é uma linha eficaz para tratar psicoses infantis. Nessa terapia, a criança cria uma realidade própria com suas fantasias. "Klein trabalha bem esse mundo interno da criança."
Nem tudo é mundo interno para os seguidores de Donald Winnicott (1896-1971). O pediatra inglês pôs o ambiente na equação psicanalítica, defendendo que o desenvolvimento da criança depende de segurança, dada principalmente pela mãe.
Essa linha "acolhe mais" o paciente, diz Elsa Dias, da Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana.

Segundo ela, essa corrente serve sobretudo para transtornos alimentares e síndrome do pânico, que teriam raiz em um encontro não muito acolhedor da criança com o mundo.
Nessa visão, a anorexia se relaciona a problemas no aleitamento; o pânico, a um bebê interrompido a toda hora pela mãe intrusiva.
Sucessor de Klein, Wilfred Bion (1897-1979) contribuiu para a análise repensando a relação analista-paciente.

"O analista não é só a figura sobre a qual o paciente projeta ou transfere: ele se observa nessa relação", diz Adriana Nagalli, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Além de se observar, ele devolve ao paciente as próprias experiências.
Segundo Nagalli, esse vínculo ajuda o paciente a tolerar frustrações. "Ao compreender que seu analista também falha, você suporta melhor suas limitações."
O francês Jacques Lacan (1901-1981) temperou a psicanálise com a linguística. O inconsciente, para ele, só é acessível pelo verbo, já que é a linguagem que organiza e traduz as experiências.


TEMPO TERAPÊUTICO 

Lacan reformulou a duração da sessão, propondo o ªtempo lógicoº. Em vez dos clássicos 50 minutos, o analista define o término conforme a situação.
"Na linha freudiana, o analista é uma folha em branco sobre a qual o paciente projeta sua vivência. Quando Lacan introduz o tempo lógico, o analista passa a existir", diz Anna Veronica Mautner.

Segundo Jorge Forbes, do Instituto de Psicanálise Lacaniana, o tempo é fator terapêutico. "Prefiro a arbitrariedade de quem dirige a terapia do que a do relógio", diz.

Lacan mostrou que Édipo não dava conta de explicar novos sintomas do mundo moderno, com menos regras definidas e mais necessidade de tomar decisões, explica Forbes. "O analista põe as cartas na mesa e faz o paciente a se responsabilizar pelas suas decisões."