sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Como não ser enganado nas eleições


Como não ser enganado nas eleições
Precisamos aprender com urgência


Capa-do-livro-Como-nao-ser-enganado-nas-eleicoes


“Ao votar, a primeira recomendação é ter calma. Eleição é assunto sério, o voto é um ato de cidadania importante e precisa ser muito bem pensado, analisado. Além do mais, votar não é apenas escolher um candidato, colocar o voto na urna e pronto, acabou. Quando você vota, escolhe alguém que, se eleito, deverá representar todos os seus eleitores”. (Herbert de Souza, o Betinho, no prefácio do livro “Como não ser enganado nas eleições).

Há certas histórias relacionadas aos períodos eleitorais no Brasil que parecem apenas parte do anedotário nacional. Casos como aqueles dos eleitores que trocavam botas por seus votos e que recebiam um dos pés desse calçado antes do voto e o outro depois de consumada a sua escolha (em prol do candidato que o havia corrompido), são muito mais do que simples piadas, são questões muito sérias, que merecem um cuidadoso exame e criteriosas formas de educar os eleitores para evitar que isso volte a acontecer.

O jornalista Gilberto Dimenstein teve a felicidade de pensar a respeito do tema e, há alguns anos atrás, reuniu algumas personalidades de destaque da área cultural para produzir um precioso livro destinado a estudantes. O título desse livro não podia ser mais direto e objetivo, trata-se da obra “Como não ser enganado nas eleições”, publicado pela Editora Ática, com o apoio do grupo Folha Educação e da Associação de Escolas Particulares.

Entre os colaboradores dessa publicação estão jornalistas e articulistas como Carlos Heitor Cony, Elio Gaspari e Boris Casoy, os sociólogos Bolívar Lamounier e Herbert de Souza (o Betinho, já falecido) ou ainda o publicitário Washington Olivetto, entre outros. Pelos nomes e pela repercussão dos trabalhos e obras de cada um deles (inclusive do próprio Dimenstein), dá para ter uma idéia da seriedade desse trabalho.

Desenho-em-preto-e-branco-de-homem-se-fingindo-de-super-heroi-dizendo-minha-gente

“Você sabe que um candidato é mentiroso e tenta enganá-lo quando:- 1- Tem soluções para todos os problemas e, pior, tentar provar que há recursos e que é possível resolvê-los todos se for eleito; 2- Diz que vai realizar mais obras e prestar mais serviços (aumentar mais as despesas) e, ao mesmo tempo, afirma que vai reduzir os impostos, ou mesmo que não vai aumentá-los; 3- Gasta mais tempo em criticar os adversários e as propostas deles do que na defesa de suas próprias idéias”. (Ronald Kuntz, especialista em Marketing Político, em artigo constante do livro “Como não ser enganado nas eleições”; seu artigo tem 16 orientações sobre políticos mentirosos e informações importantes para o eleitor entender e analisar imagens e atitudes desses mesmos políticos).

Isso é inclusive muito importante para que tenhamos sempre em mente que eleição é assunto muito sério e que exige responsabilidade da parte de cada eleitor ao depositar seu voto na urna (ou, atualizando, ao clicar referendando o nome de um candidato ou de uma legenda política nas modernas urnas eletrônicas).
Outro dado muito importante refere-se ao fato do livro ter sido editado em 1994, portanto há dez anos atrás e, apesar dos avanços percebidos na área, continuar sendo um documento atualizado, que se presta a informar os novos eleitores dos meandros e desvios existentes na política brasileira.

Histórias como aquela contada no início desse artigo, em que nos referíamos a uma prática relacionada à República Velha, no tempo em que os Barões do Café controlavam o país, dentro do ciclo do Café com Leite, continuam ocorrendo. O pior de tudo é constatar que não são casos isolados e não se restringem apenas a pequenos municípios, de regiões isoladas, onde os índices de analfabetismo são altos. Também não estão limitados a bairros periféricos das grandes cidades, onde o desemprego e os baixos salários poderiam contribuir para que os eleitores se sentissem compelidos a barganhar o seu voto em troca de favores materiais.

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“Uma velha máxima diz que, na publicidade, não existe verdade: existe a imagem, a impressão da verdade, que pode muito bem ser uma mentira. Em outras palavras ‘não é o que você diz, é o que o outro entende’. Não é à toa que a política, área em que a verdade nunca foi prioritária, casou tão bem com a publicidade”. (Nelson Sá, jornalista e crítico de televisão, autor do texto “A Mentira e a Televisão”, constante do livro “Como não ser enganado nas eleições”).

Quantos de nós não sabemos de histórias de candidatos ou eleitores que se dispuseram a barganhar votos? Cestas básicas, material de construção, jogos de camisas para times de futebol, bolas, material escolar, remédios, cadeiras de rodas e até dentaduras fazem parte do que é oferecido e, infelizmente, aceito em períodos eleitorais.
Esses eleitores parecem não saber que o que lhes foi dado lhes será tirado posteriormente na forma de propinas, suborno, corrupção. Os custos desses benefícios são repostos para as contas desses políticos a partir do desvio das verbas do erário público ou ainda da contratação irregular de empresas para prestar serviços ou realizar obras no município, com a devida compensação desses “servidores” públicos com aumentos nos preços finais cobrados do governo (municipal, estadual ou federal).

E no final das contas, de quem sai esse pagamento adicional? Dos bolsos dos contribuintes... Aqueles mesmos que trocaram seu voto nesses políticos desonestos por telhas, cimento, camisetas, réguas, bolas ou dentaduras...

Há pouco tempo atrás escutei uma história que ilustra muito bem como esses hábitos perniciosos continuam freqüentes na história política brasileira. Segundo consta, um candidato a vereador resolveu se eleger buscando apoio na comunidade religiosa que frequentava  Para tanto precisava do apoio dos líderes dessa igreja na comunidade onde morava e resolveu ir atrás desses religiosos. Ao aborda-los ficou sabendo que poderia ter todo o apoio se viesse a se empenhar na obtenção de material para a construção de um novo templo. Conseguiu esses recursos e se elegeu pela primeira vez.

Desenho-de-dois-politicos-no-palanque-um-apontando-o-outro-com-chifres-e-dentes-afiados

“Se todos nós votássemos com mais razões e menos emoção, procurando ver o que representam e quem são realmente os candidatos, o que eles fizeram e falaram no passado, certamente teríamos um Brasil melhor”. (Boris Casoy, é jornalista e apresentador de telejornal; escreveu o artigo “A arte de enganar” que faz parte do livro “Como não ser enganado nas eleições”).

Numa segunda oportunidade escutou dos pastores que se obtivesse os recursos necessários para o acabamento interno da igreja, os votos estariam novamente garantidos. Deu certo.
Nova eleição e lá foi o tal candidato atrás dos ministros de sua igreja. Dessa vez eles pediram uma Kombi. O candidato, já experimentado na política, deu o automóvel, mas só passou o documento em nome da comunidade depois de eleito... Moral da história? Só trocamos as botas, mas continuamos, literalmente, “pisando na bola”...

Não é apenas de casos de compra de votos que padecemos no Brasil. Ainda há verdadeiros currais eleitorais, onde os modernos “coronéis” definem os votos de seus comandados e cobram fidelidade, caso contrário, como na República Velha, podem ocorrer demissões, surras, mortes...

Mesmo com todas as oportunidades de obtenção de informações, continuamos sendo enganados por políticos populistas, daqueles que vão as ruas na época das eleições, entram em bares para comer pastel e tomar café com leite, abraçam os populares, pegam crianças pequenas no colo, visitam fábricas e falam de seu passado humilde, participam de quermesses e festas para fazer o povo senti-los como parceiros,...

Imagem-de-politico-dizendo-que-e-mais-honesto-que-Jesus-Cristo

“O candidato aparece na televisão e diz: ‘Sou candidato, mas não sou político. Detesto política. Quero seu voto, mas prometo que não vou fazer política’. É um grande mentiroso que, curiosamente, tem por base um pequeno truque de palavras. O que esse tipo de candidato realmente faz é insinuar que existe uma fronteira nítida entre os políticos e os não-políticos. Ou entre os ‘bons’, os que praticam a ‘verdadeira’ política, a política com P maiúsculo, e os outros, a maioria, os maus, os politiqueiros”. (Bolívar Lamounier é um dos sociólogos mais respeitados de nosso país; escreveu o artigo “Uma grande mentira” que faz parte do livro “Como não ser enganado nas eleições”).

E as propostas de governo? E a coerência política (inexistente em um país como o nosso, onde ideologia é palavra de dicionário apenas)? E a fidelidade partidária (dizem que no Brasil os políticos trocam mais de partido do que de roupa)? Por que esses políticos não vão as ruas depois de eleitos? O que faz com que eles deixem de tomar café e comer pão com manteiga assim que acabam as disputas eleitorais? Onde eles se escondem quando precisamos cobrá-los quanto às promessas feitas durante a campanha?

Eleição ainda não é considerada pelo brasileiro como um ato de cidadania, que define não apenas vencedores e vencidos nos pleitos eleitorais, mas o futuro de uma cidade, estado ou mesmo de todo o país. Somos vítimas de nossa desinformação, da péssima distribuição de renda, do analfabetismo, da fome ou das doenças que afetam nossa condição física e emocional. Se não votarmos conscientemente, dificilmente escaparemos desse círculo vicioso que nos lega tantos problemas quanto os mencionados.

Temos que conscientizar as parcelas menos favorecidas da importância do voto. Devemos informar as novas gerações quanto ao compromisso com o futuro percebido num pleito eleitoral. Necessitamos disso pelo futuro do país e de cada um de nós. Realizações como o livro “Como não ser enganado nas eleições” são contribuições importantes para efetivar essa transformação. Cabe a nós professores e formadores de opinião, efetivamente colocar em prática esses e outros ensinamentos.

Obs.: As imagens disponíveis nesse artigo constam do livro “Como não ser enganado nas eleições”. As charges são de autoria do cartunista Glauco e as fotos contam com a participação especialíssima do ator, comentarista e diretor teatral Cacá Rosset.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Vivo instalará dez telefones públicos com acesso à internet

Vivo instalará dez telefones públicos com acesso à internet


Atualmente, há cerca de 52 mil telefones públicos em São Paulo. Embora eles já façam parte da paisagem da cidade, fica a pergunta: “Com a multiplicação dos celulares e smartphones, que função eles terão?” Algumas iniciativas podem indicar uma resposta.

A função “telefone” ainda existe








A empresa de telefonia Vivo vai cuidar da instalação de um protótipo de orelhão com tela de cristal líquido, câmera de 1.2 megapixel e acesso à internet. Com isso será possível realizar videochamadas, enviar mensagens SMS e navegar na rede. O projeto, que ainda conta com sinal de wi-fi, foi desenvolvido pelo CPqD.
A intenção do projeto é transformar o telefone público em uma central multimídia de serviços. Até o final da etapa de desenvolvimento, por exemplo, poderão ser acopladas funções como 3G e leitura de bilhetes únicos e cartões de vale alimentação.
Desde agosto há uma unidade funcionando na sede da Vivo. Até o final de 2012 serão instaladas mais dez em pontos a serem decididos. Por enquanto, os aparelhos não estão em fase de produção.
Segundo dados da IDC, mais de 27 milhões de aparelhos celulares foram vendidos no Brasil no primeiro semestre de 2012. Desses, 25% eram smartphones. Isso representa um aumento de 77% em relação ao mesmo período do ano passado. A tendência é que até 2015 a maioria das vendas seja de aparelhos com acesso à internet e outros benefícios.
Esses dados são tão significativos quanto os divulgados pela Anatel que mostravam existir mais aparelhos celulares do que pessoas no país. Projetos como este e o do arquiteto nova-iorquino podem mudar o futuro dos orelhões?