terça-feira, 22 de maio de 2012



DIABETES EM CRIANÇAS

   

Diagnóstico rápido


Um dos maiores desafios para o controle do diabetes em criança é justamente o diagnóstico. Muitos pais — e até mesmo certos profissionais — nem desconfiam que a doença autoimune, como é o caso do diabetes tipo 1, ataca tão cedo o frágil organismo infantil. No primeiro momento, a cada sintoma, inicia-se a peregrinação por consultórios médicos de diferentes especialidades, entre pediatras, nutricionistas, endocrinologistas e até dermatologistas, já que a doença pode provocar alterações na pele, como o aparecimento de furúnculos.

Sede excessiva, perda repentina de peso sem causa aparente, vontade exagerada de urinar, cansaço, falta de energia são alguns dos sintomas mais comuns provocados pela deficiência de insulina no organismo. O quadro mais grave é a cetoacidose, quando a criança entra em coma, pelo fato de o organismo ter se mobilizado para tentar reverter a disfunção metabólica.

Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes no Distrito Federal e responsável pela Coordenação do Diabetes da Secretaria de Saúde do DF, a endocrinologista Hermelinda Pedrosa explica que muitos pais só descobrem que a criança sofre de diabetes tipo 1 quando chegam ao hospital com esse quadro metabólico dramático. “As causas da doença estão relacionadas a erros de codificação de determinados genes. No entanto, fatores externos, como estresse ou algum tipo de vírus, podem deflagrar o processo”, explica a médica. O resto não se explica. Uma pessoa pode ter o gene e não desenvolver a doença, por exemplo.

Descoberta a causa da descompensação, é hora de correr contra o tempo e reabilitar o organismo. Como esses pacientes ainda são muito pequenos, resta aos pais aprenderem como dosar a insulina e calcular os carboidratos que serão administrados diariamente. Hermelinda garante que essa etapa inicial sempre é marcada por insegurança e medo, afinal, a vida desses pequenos depende da vigilância dos adultos.

A comissária de bordo Naiara Andrade, 22 anos, também enfrentou a saga de passar por diversos consultórios médicos para descobrir o motivo de sua filha Manuela, 3 anos e 11 meses, andar tão triste e estar perdendo peso inexplicavelmente. Na época, ela tinha 1 anos e alguns meses. Naiara conta que nenhum médico desconfiou do diabetes. “Nenhum deles sequer me pediu o exame de glicemia”, relembra.
 


Foi quando ela associou os sintomas da criança aos que viu o irmão enfrentar na infância. O tio de Manuela também tem diabetes tipo 1 desde pequeno e hoje é um rapaz saudável, cuidando de suas necessidades. Naiara, ainda que preocupada, sabia então que a doença podia ser enfrentada e, com os cuidados certos, seu bebê cresceria normalmente. “Nesse processo, meu irmão e minha mãe me tranquilizaram muito”, relembra.

Passado o susto, Naiara já aprendeu a identificar as mais sutis alterações no quadro de saúde da filha. Como toda mãe zelosa, sabe o significado de cada choro de Manuela. “Se ela pede comida, por exemplo, sei que precisa de glicose.” Quando a menina gripa, tem certeza de que precisará aumentar a quantidade de carboidratos nas refeições da pequena para evitar a fraqueza do organismo. “Se a garganta fecha, ela não quer comer e fica tudo alterado”, explica.

Na infância, qualquer mudança de rotina se reflete na quantidade de glicose no sangue. Uma simples brincadeira pode exigir doses extras de comida para evitar a exaustão do organismo, que não consegue absorver a glicose naturalmente. Até um dia de chuva, sem atividades físicas, por exemplo, pode demandar doses extras de insulina para evitar que a energia não gaste e descompense o corpo. “Insulina errada baixa tanto o açúcar que leva à hipoglicemia. Estresse aumenta a glicemia, que pode levar ao coma diabético. Para tomar a insulina, é preciso saber a idade certa, a quantidade certa, se a criança faz esporte. Tem várias formas de aplicar a insulina, que varia muito com o estilo de vida do paciente”, explica o endocrinologista Mauro Scharf.


Entenda a doença



                           



A glicose precisa da insulina, substância fabricada no pâncreas, para entrar nas células. A falta da insulina ou problemas com sua eficácia atrapalham o processo. Quando a glicose não é bem usada pelo organismo, ela se eleva no sangue. É o que chamamos de hiperglicemia.
No diabetes tipo 1, não há fabricação de insulina pelo pâncreas ou sua produção é insuficiente. As células betas do pâncreas são lentamente destruídas por um processo autoimune do organismo. Isso acontece porque o organismo as identifica como corpos estranhos.
Os pacientes com diabetes tipo 1 precisam tomar insulina diariamente para regularizar o metabolismo do açúcar do sangue. Tem uma insulina basal lenta, aplicada ao acordar, e outra acelerada, que se aplica antes de comer para controlar a glicemia.

Fonte: Sanofi Diabetes

A união que faz a diferença
Se o diabetes tipo 1 não é adequadamente tratado pode deixar graves sequelas. Uma delas é o comprometimento da visão, em mais de 90% dos pacientes, após 20 anos de doenças. Sem cuidados, a alteração provoca, inclusive, a cegueira. “Após 10 anos, o diabetes pode causar algum grau de retinopatia. No início, tem condições de regredir. Mas a qualquer momento pode provocar um sangramento e o descolamento da retina. Aí fica mais difícil tratar”, alerta Solange Travassos, presidente da Associação dos Pacientes Diabéticos do Rio de Janeiro (Uaderj).

Uma das maneiras de monitorar a saúde dos olhos é fazer o exame de fundo de olho. Mas muitas vezes os pacientes enfrentam longas filas na rede pública de saúde para conseguir a avaliação. Uma demora que pode levar à cegueira. A UADERJ criou o projeto Oftalmologista Amigo do Jovem Diabético, em parceria com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e com o apoio do laboratório Sanofi Diabetes. A ideia é que médicos atendam gratuitamente, em seus consultórios, dois pacientes diabéticos, de até 30 anos, uma vez por mês. Assim, será possível fazer o diagnóstico precoce de retinopatia diabética em pacientes de baixa renda. O projeto se expandirá para outros estados. Mais informações: www.unidospelacriancadiabetica.com.br.


Fonte: CORREIO BRASILIENSE – DF

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